quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O nascimento de uma mãe

Um dia T. acordou mãe. Deixou de ser só ela: era agora também aquele bebê embrulhado em um pacote, que já então fazia parte dela. A expressão de seu rosto ficou um pouco mais séria: nascia na imperturbável mulher uma fisionomia de mãe. Seu ar de menina de repente se escondia. O menino em seu colo a olhava com um olhar grave e indecifrável. Nem soube como conseguiu devolver, confusa que estava no papel materno, tão novo para ela. Chegou a sonhar com ele na sua primeira noite como mãe. A vida parou por um instante para que ela desvendasse o olhar. Por toda a existência sabe que vai carregar com ela esse primeiro encontro... Por mais que percorra lugares diferentes, viva emoções intensas, nada vai se comparar àquele olhar! T. carrega sempre com ela, desde o instante inaugurador, esse momento único, junto com outras coisas preciosas que coleciona: o dia em que virou mãe.

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