quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Menina do subúrbio

Onde vai, C. leva consigo a menina suburbana que foi um dia. Carrega com ela o subúrbio nos seus gestos, falas e anseios. Lá a vida passava devagarzinho. Todo mundo era vizinho. A alegria era mais escancarada. Não tinha medo de dar risada. O calor era de concreto. A África ficava mais perto. Da janela via desfilar uma cidade sem purpurina, sem o encanto do lado de cá. Por dentro, flores de plástico, santos no altar e a esperança, que não podia faltar. Quando atravessou o túnel pra do outro lado viver, ela desaprendeu que bastava só ser.

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