quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Eles

Ela saiu despretensiosa de casa. Sofria de TPM e com o final de um amor (ou teria sido uma ilusão?). Se encontraram em uma festa na favela. Estavam os dois um pouco altos. Ele reparou nela. Ela devolveu o olhar. Para puxar assunto ele perguntou se ela era alemã. Muitas línguas diferentes eram faladas naquela festa e ele resolveu arriscar. Ela estranhou a pergunta, mas resolveu ser simpática. Logo ficaram sem assunto e ela resolveu chamá-lo para dançar. Descobriram que moravam na mesma rua. Subitamente ela se lembrou que teria uma aula no dia seguinte e resolveu ir embora. Ele decidiu ir junto. Racharam uma moto-táxi. Ideia dela: queria ver a cidade do alto sentindo o vento em seu rosto. Ele ficou apavorado com medo de cair. Ele pediu o telefone dela. Ela perguntou se ele realmente iria ligar. Ele respondeu que ligaria todos os dias e ela achou a resposta meio cínica, mas resolver dar assim mesmo. Se falaram no dia seguinte e em todos os outros que se seguiram. Ela não sabia por que gostava tanto assim dele, mas a certeza de ser amada a confortava. De repente as coisas pareciam se encaixar e fazer sentido. Era como tirar a figurinha que estava faltando para completar o álbum. A solidão, que eles cultivavam e temiam ao mesmo tempo, deu lugar ao encontro. Esse parece o final da história, mas é só o começo. Eles ainda vão chorar e rir juntos, vão se odiar e depois voltar a se amar. Vão sentir ciúmes, medo de rejeição... Vão esperar que saibam cuidar um do outro, que o amor dure e que a incerteza seja apenas um fato risível.

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