quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A mãe e seu filho

O filho achava que a mãe tinha resposta para todas as perguntas. Afinal para ser mãe era preciso ter todas as respostas. Mal sabia que era ele quem lhe ensinava. A mãe se renovava nele. Ele mostrava a ela como ser mãe. Descobria que ser mãe era sentir dor e alegria ao mesmo tempo. Ela precisava ajudá-lo a aprender a andar de bicicleta. E ele deveria lhe segredar a sua espontaneidade tão natural. Iam bordando suas existências entrelaçadas. De uma hora para a outra o filho cresceu. Sem aviso-prévio. Um dia foi dormir criança e no outro acordou adolescente. A mãe já não podia entrar no seu quarto sem bater. O menino, que conservava uma certa timidez, se tornou um jovem exibido. Ansiava por atender a todos os chamados da urgente adolescência. Tinha pressa em viver. Queria estar em todos os lugares ao mesmo tempo. A primeira espinha, o primeiro trago, o primeiro amor... A primeira mentira desmascarada. Jurava por Deus que não se repetiria para tornar a mentir mais uma vez. Vivia um tempo de estreias: beijar era novidade, beber era novidade, transar era novidade... A vida adulta se descortinava para ele. A mãe experimentava mais uma vez a juventude deixada há tempos para trás e secretamente perdoava os deslizes do filho. O bordado ganhava cores novas.

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